sexta-feira, junho 16, 2006

Olhar Sociológico de Portugal







Ao assinalarmos, recentemente, a passagem do 20º aniversário da adesão de Portugal à União Europeia, é interessante ter-se uma ideia do que é ser-se Português e quais os traços únicos que nos distinguem dos outros cidadãos europeus. Num retrato curto mas fiel é possível dizermos que o Português é um indivíduo que se alimenta de sonhos porque é por natureza um ser idealista (os Descobrimentos são um bom exemplo), é um indivíduo emotivo e imaginativo, tem o gosto pela ostentação de riqueza e pelo luxo (o meu carro é melhor que o do vizinho). O indivíduo português é humano, sensível, amoroso e bondoso, sem ser fraco. Não gosta de fazer sofrer o outro e evita os conflitos, porém quando ferido no seu orgulho, ele pode ser violento e cruel. A religiosidade ocupa um lugar de destaque no dia a dia do português, que possui uma forte crença no milagre e nas soluções milagrosas (a devoção a Fátima não tem comparação com outros santuários espalhados pelo mundo fora). É claramente um indivíduo com uma forte capacidade de adaptação a todas as coisas, novos lugares e pessoas (desde sempre que existem portugueses emigrados por todos os continentes). Tem bem vivo no seu interior um fundo poético e nostálgico diferente de todos os outros povos latinos, ou seja, é o único a sentir a palavra SAUDADE em toda a sua expressão (o Fado e a Poesia são formas de sentir e expressar essa mesma palavra). Pelo medo da opinião alheia e pelo grande sentimento do ridículo que possui é um indivíduo muitas vezes inibido, não possuindo ainda a exuberância e a alegria espontânea e ruidosa inerente aos povos mediterrâneos. É fortemente individualista, mas possui um grande sentimento de solidariedade humana, gosta de ajudar os outros (as grandes campanhas de Solidariedade têm sempre sucesso no nosso País). O Português tem um forte espírito crítico e trocista e uma ironia pungente (inventamos anedotas com todo o tipo de situações). Ao contrário do que muitos afirmam, o português não degenerou, as suas virtudes e defeitos mantiveram-se as mesmas durante todos estes séculos, o que tem variado são as suas reacções consoante as suas circunstâncias históricas. Quando o português é chamado a desempenhar qualquer papel importante ele põe em jogo todas as suas qualidades de acção, abnegação, sacrifício e coragem e cumpre como poucos (a Expo 98 e o Euro 2004 são exemplos disso mesmo). O português não sabe viver sem sonho e sem glória (umas vezes olhamos para o passado glorioso, outras vezes sonhamos com novas oportunidades, com novas conquistas). Apesar de nunca terem havido lutas sociais assumidas elas notam-se claramente e ainda hoje essas fronteiras permanecem: o Norte age contra o Sul, o interior contra o litoral, o campo contra as cidades, a periferia contra o centro. Falta ainda referir algumas características (que mais valia omitir) mas que por serem verdadeiras sinto a obrigação de as descrever: somos perigosos ao volante, sem sentido de responsabilidade cívica, somos compostos por uma população que chega a atingir os 60% de índices de baixa escolaridade. Ingerimos bebidas alcoólicas em excesso, somos obesos, temos poucos hábitos de leitura e consumimos demasiada televisão, a Família já não é um valor a preservar, somos preconceituosos, corruptos e sempre que podemos a “cunha” é pedida por algum motivo. Este é o retrato possível do que é ser-se Português numa perspectiva sociológica. Por último, e para fechar com “chave de ouro”, ainda hoje o português genuíno prefere uma boa árvore do que encontrar um WC mais próximo para realizar as suas necessidades fisiológicas. Até ao próximo olhar... (pejocoelho, Junho, 2005)

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